O homem em sua essência primitiva
Em Clímax de Gaspar Nóe, como em seus outros filmes, Irreversível, Viagem Alucinante e Sozinho contra Todos
Polemiza com cenas chocantes, regadas de violência, sexo, vingança e comprova mais uma vez que o tempo destrói tudo. Vemos a perda da capacidade de racionalização de forma indigesta.
Temos a premissa de quem em meados dos anos 90, um grupo de jovens bailarinos se reúnem em um internato, localizado em algum lugar remoto no meio da floresta para realizarem um último ensaio.

Com o ensaio finalizado, realizam uma festa de comemoração, percebem que foram drogados, notam estar agindo de forma estranha e uma loucura toma conta deles.
Embebidos de paranoia e psicose, sem saber quem, quando e o por quê, promovem sua descida individual e coletiva ao inferno.
Não é um filme sobre drogas

Não é um filme sobre drogas e nem sobre os que as mesmas podem causar, mas sim, sobre a perda de parâmetros sociais, o homem em sua essência primitiva e visceral.
O pré-requisito para a formação de casting foi a dança, escolheu atores não profissionais. Grande parte do elenco, foi “achado” em boates ao redor da França.
As sequências de dança em Clímax são espetaculares, filmadas de vários ângulos, com perspectivas incríveis.
A câmera vira de cabeça para baixo e perde-se a noção da realidade – se é que ao menos existe uma.
O inferno

A cena inicial das entrevistas nos permite ter referências pessoais e antagônicas das personagens que no decorrer do filme se contradizem.
Clímax, com suas cores surreais nos remete a uma experiência sensorial que dialoga com a própria experiência sensorial de cada umas de suas personagens.
Não temos uma personagem principal, temos uma experiência intima de um processo catártico, emergente e coletivo .
Em Clímax, somos envolvidos por um plano sequência onde a câmera segue os atores recheado de hits dos anos 80 e 70, e passivamente, vamos nos encaixando em um processo catártico de violência, sexo e perda da civilidade.

Climax é uma experiência recheada intrigas e conflitos do limite entre o eu o outro ,e de forma desconfortável, nos faz engolir goela abaixo a pergunta:
Somos capazes de viver coletivamente ou só nos moldamos no que é socialmente aceitável?
Climax é antes de tudo um terror social, fala sobre o fio da navalha que permeia as inúmeras facetas das relações humanas.
Sobre a nossa capacidade de convívio em um ambiente inóspito, perturbador, competitivo e de inerente decadência.